segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

É muito ruim estar longe...


Quando alguém da nossa família ou amigo próximo morre. Estou há quase três meses aqui e já passei por essa experiência duas vezes. Não desejo isso prá ninguém. Sempre considerei que, de certa forma, lido bem com a morte, não é um tabu para mim. Pode ser porque comecei a perder pessoas queridas muito cedo e aprendi a entender e aceitar a morte como a etapa final da vida, para a qual nós temos que nos preparar, tanto quanto nos preparamos para esperar alguém nascer. É o fim da jornada. Mas o intervalo, alguém já disse, deve ser bem aproveitado!

No entanto, quando se está longe, receber uma notícia de morte triplica de importância e, porque não dizer, de peso. Na verdade, qualquer notícia, e-mail ou conversa que se tem toma proporções maiores, talvez porque você quer estar perto e ver as coisas acontecendo in loco, poder interagir, interceder, sei lá. Tentar minimizar a sua sensação de impotência e sentir que está fazendo algo em relação àquela determinada situação. Coitada da minha mãe, porque, por conta disso, a encho de perguntas do tipo: O que você fez? Prá onde foram?  Como foi? Quero saber todos detalhes para me sentir dentro do contexto e mais perto da família... uma pentelha, admito!

Nos meus primeiros dias aqui, criei uma espécie de obsessão em relação à saúde das pessoas que estão no Brasil. Sei que isso pode nem ser muito saudável, porque estou longe e não há nada de imediato que posso fazer, a não ser chorar e pegar o primeiro vôo para o Brasil. Mas eu pedi, praticamente implorei, para a minha mãe prá ela me contar sempre tudo o que se passa com a nossa família e amigos. Não quero que me escondam nada, se alguém estiver doente, no hospital ou morrido. E assim está sendo.

Há mais ou menos um mês atrás recebi a notícia que o melhor amigo do meu pai tinha morrido e, ainda, que nos seus últimos dias, falava constantemente que o meu pai estava lá com ele. Fiquei péssima aqui, porque na minha cabeça ele era uma das últimas ligações presentes da juventude do meu pai, da sua fase áurea. Mas, sempre procuro pensar que ele teve uma vida excelente, deixou uma família linda e especial. Chegou a hora dele, foi cedo, mas chegou.

Ontem com dois dias de atraso, minha mãe tomou coragem para me contar (o que eu agradeço imensamente) que a minha querida tia Gilda faleceu. Prima da minha avó, mais de 90 anos. Uma pessoa fantástica e super, hiper presente na minha vida, desde os meus primórdios. Todo domingo, religiosamente, ela ia lanchar na casa da minha avó e me levava revistas para colorir e desenhar, fora outras bugigangas que eu simplesmente a-do-ra-va! O meu primeiro patins de botas, branco com listras e rodas vermelhas - que eu amava e usei até acabar - foi ela que mandou trazer para mim dos Estados Unidos. Antes de competir no meu primeiro campeonato brasileiro de ginástica olímpica no Flamengo, no dia do meu aniversário de 13 anos, foi prá casa dela que eu fui, na Rua Real Grandeza, em Botafogo.

Ela era apaixonada pelo Silvio Santos e uma vez chegou a ir no programa dele participar ao vivo de um quadro. A família toda ficou em polvorosa! Adorava ouvir as histórias sobre os jogos de buraco na casa das amigas, as piadas, as passagens antigas da família. Era de uma irreverência ímpar, engraçada até não poder mais e tinha um sorriso largo inconfundível.

É isso. Nada que eu possa fazer, a não ser lamentar muitíssimo não ter estado mais presente na vida dela nos últimos anos, agradecer por ela ter feito parte da minha vida de um jeito especial e prestar essa pequena homenagem à distância e em público.




TIA GILDA, VAI COM DEUS!

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Stuttgart Arena – O primeiro jogo de futebol na Alemanha

Quando assistia aos jogos de futebol do campeonato alemão pela televisão ficava sempre estarrecida com a capacidade dos torcedores em agüentar o frio nos jogos em pleno inverno. Sempre achei inacreditável a disposição dessa gente para sair de casa com temperaturas negativas para torcer pelo time ao vivo no estádio. Tudo bem que eu faria isso pelo Botafogo, mas...

Fato é que ontem eu fui assistir, pela primeira vez, a um jogo de futebol fora do país, no inverno. Fui ao estádio do VFB – Stuttgart, mais conhecido como Stuttgart Mercedes Benz Arena (onde aconteceram vários jogos da Copa de 2006). O Stuttgart é time do Mirko e o mais importante da região. O jogo valia vaga na próxima fase da copa da UEFA, ainda no esquema do mata-mata. Stuttgart x Benfica (que os alemães chamam de Lissabon)


Já acordei super animada, porque amo futebol e isso para mim foi como que a realização de um sonho. Pensei no meu irmão o dia todo e em como eu queria que ele estivesse aqui comigo, meu super companheiro de arquibancadas. Contei prá todo mundo no curso que eu ia assistir ao jogo, mas prá quem não liga para futebol a emoção foi zero. Não importa, porque eu estava amarradona!

O ÚNICO PROBLEMA ERA O FRIO.

O Mirko já acordou dizendo que eu tinha que me preparar como se a gente estivesse indo esquiar, porque o jogo começava às 21 horas e a temperatura a essa altura já está bem baixa. Eu tava tão empolgada que nem liguei.

O Stuttgart está à beira do rebaixamento no Campeonato Alemão (Bundesliga) e essa era a chance de lavar a alma e continuar participando de uma competição importante na Europa. No entanto, o jogo não era fácil. O Benfica ganhou em casa no jogo de ida, o que significava a importância vital de uma vitória em casa por dois gols a zero, no mínimo.

Chegamos lá e apesar do frio já cortante e bem desagradável, os torcedores estavam em polvorosa e super animados. Já de cara localizei os insanos dos portugueses que vieram para o jogo. Passaram ao meu lado em um grupo muito, muito grande gritando loucamente: “vamos lá Benfica, vamos lá, Benfica, vamos lá Benfica!”. Sotaque inconfundível do nosso português.

Eu preciso dizer que AMMMMOOOO a atmosfera que cerca o estádio antes de uma partida de futebol importante! Todo mundo esperançoso, animado, as torcidas chegando. Muito legal!






O visual do estádio do lado de fora foi de perder o fôlego. Comprei um cachecol do Stuttgart e fui para o bar do estádio tomar uma cerva antes do jogo, que é a tradição dos amigos do Mirko.  Parênteses para dizer que quase todo estádio de futebol na Alemanha tem um bar com telões, cerveja de todos os tipos e pão com lingüiça, claro! Éramos apenas duas meninas e vários homens e nossos assentos eram longe dos deles, porque não conseguimos comprar todos juntos. Tudo bem! Faltando 25 minutos para o jogo começar eu não agüentei mais esperar os homens esvaziarem os seus copos e quis logo entrar no estádio com a Irina, porque queria ver o visual por dentro, os times aquecendo e bater umas fotos com a minha máquina recém saída do coma.






Entramos no estádio e mais uma vez perdi a respiração. Grama perfeita, iluminação idem e música ambiente. Os estádios de futebol aqui tocam música antes do jogo e durante a partida, nas substituições de jogadores, entram uns trechos de música, como nas partidas da NBA. Adorei!










O jogo começou e com 15 minutos já percebi que o negócio tava feio pro nosso lado. No meio do primeiro tempo saiu o gol do Benfica e para minha surpresa, percebi que estava rodeada de portugueses, que estavam super calados até então. A torcida do Benfica explodiu e várias pessoas tiraram a camisa. Eu não estava acreditando no que via, tinham uns cinco garotos na torcida do Benfica sem camisa e eu, toda encapotada, estava parecendo a rena do nariz vermelho.  Os cinco, com certeza, pegaram pneumonia dupla.

Já quase no final do primeiro tempo o goleiro do Stuttgart se chocou num lance com o atacante do Benfica e caiu no campo desacordado. Foi assustador. Entraram os paramédicos e ele foi para o hospital sem mexer um músculo. Acho que isso foi a pá de cal para a motivação do time. O goleiro era novo, primeiro jogo dele no time e aconteceu isso. O espírito do time ficou totalmente abalado, mas não o da a torcida do Stuttgart, que tava lá linda, gritando o jogo todo, apesar de tudo. Me lembrei da raça da torcida do meu Botafogo e me deu vontade de chorar...

Mas, o jeito de torcer é super diferente. A Irina estava me explicando que eles tem música para cantar nas jogadas de ataque e de defesa e tem momentos em que gritam para todos ficarem de pé. É muito legal. Fica um cara com um megafone gritando antes o que eles têm que gritar em seguida. Tudo ensaiado. Amei!

Como não estava no meio da torcida gritando e me mexendo, no final do primeiro tempo já estava totalmente anestesiada de frio e me lembrei dos meus pensamentos no Brasil assistindo a esses jogos pela televisão e achando graça dos torcedores loucos que se dispunham a isso...

Começou o segundo tempo e o Benfica ainda dominando. Não demorou muito para sair o segundo gol, de falta. Depois dessa os meninos levantaram, por causa da meleca de jogo e do frio e foram assistir ao resto da partida no bar. Eu, como boa botafoguense, não quis ir embora, porque achei que ainda havia esperança num milagre. Mas não deu. Faltando cinco minutos para terminar o jogo, eu e Irina pedimos arrego de frio e fomos encontrar os garotos. 2 X 0 para o Benfica.

Foi muito triste ver o Stuttgart perder no meu primeiro jogo, até mesmo porque eu sou super supersticiosa e já fiquei com um pé atrás de ir aos próximos. Mas eu adotei esse time no meu coração e o espetáculo em si foi muito legal!!! Já não vejo a hora de ir de novo, mas, com certeza, vou esperar chegar a primavera e o termômetro marcar temperaturas de dois dígitos...

PS: Acho que a minha câmera morreu de novo... Pode ter sido o frio...

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Os corvos

Sempre associei esses pássaros pretos ao sinistro, tipo filmes de terror, com cemitérios e zumbis, ou da Idade Média, com aquelas paisagens frias dos campos de batalha da Europa. Até nos desenhos animados os corvos parecem traiçoeiros e zombadores. São sempre aqueles que destroem as plantações de milho e que abusam da criatividade dos fazendeiros na confecção dos espantalhos. Por essas e outras, vamos combinar que não é um bichinho que nos lembra coisas alegres, prá cima, certo?

Pois então, desde que vim para cá, esses pássaros  habitam o meu espaço e campo de visão. Eles estão em todo o lugar, tal como os nossos pombos no Brasil (que também nunca fui muito chegada. Na verdade, tenho pavor!). Tento pensar que aqui os corvos não estão associados a nada muito sinistro, apenas fazem parte da paisagem e que, no fundo, ainda são melhores do que os pombos (olha a Poliaaaaaanaaaaa aí genteeeeeee! Chora cavaco!) 

As diferenças básicas entre pombos e corvos, que fazem esses últimos levaram vantagem, na minha humilde opinião de Poliana, são as seguintes: (i) os corvos são definitivamente mais bonitos, por serem maiores (aqui eles são enormes!) e terem um porte elegante, (ii) os corvos parecem mais limpos e (iii) os corvos berram prá caramba! Berram muito! É como se fosse um grito esganiçado, de alguém pedindo socorro, uma coisa horrível e fantasmagórica, mas apesar de sinistro, me despertou curiosidade, além de eu achar que mesmo mais alto e louco, ainda é bem melhor do que aquele barulho insuportável que os pombos faziam no forro/telhado da minha casa em Camboinhas.

Então todo dia de manhã quando faço meu caminho solitário até o ponto de ônibus, quase sempre sob uma névoa geladíssima e densa (e hoje debaixo de neve de novo!), que muitas vezes sequer me deixa ver o outro lado da rua, eles estão ali comigo, berrando e me guiando no caminho. Agora imaginem só essa cena, que parece de filme de suspense. Eu, com o dia começando a clarear, andando numa névoa pesada, com um frio do cão, numa paisagem de árvores secas e com gritos de corvos à minha volta...

A vida é mesmo surpreendente e eu nunca imaginei que um dia fosse viver numa paisagem assim, com esses pássaros, discípulos da Tetê Espíndola, berrando ao meu redor.  

A minha sorte é que eu tento manter o humor na maioria das vezes e fico me imaginando no clip de “Thriller” do Michael Jackson, caso contrário, ia chegar chorando e correndo de medo no ponto de ônibus todo o dia.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Finalmente o visual Blond Ambition!

Tá aí, Vivian! Kakakakak! Mas dá prá ver que eu tô bem mais loura, né?
Agora que acertei a máquina, novas fotos virão em breve!
BEIJOS A TODOS!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Aula de Step com funk??!

Essa semana comecei o meu projeto Verão 2011 (que aqui é no meio do ano, como todos sabem, portanto só tenho 5 meses) e decidi sacudir o meu corpo fora de forma.

Coloquei na minha cabeça que vou me inscrever na turma master de ginástica olímpica no Centro de Esportes da Universidade, só que as aulas só começam em março e enquanto espero precisava fazer algo.

Tinha pensado em correr, mas ainda não sinto vontade de sair de casa espontaneamente com roupa de ginástica para correr ao ar livre com o termômetro marcando singelos 5 graus e às vezes menos.

Pensei também em andar pela rua de roupa normal, toda encapotada, mas de patins, o que para mim, na atual conjuntura seria um exercício e tanto, mas os meus patins chegaram pelo correio e ficaram pequenos demais, vamos ter que devolver e pedir maiores. Não aboli a idéia, mas ela vai ter que esperar.

Diante desse cenário nada animador e com a obrigação de emagrecer, decidi procurar na internet os cursos de ginástica disponíveis no Centro de Esportes da Universidade de Tübingen, por dica da Suzanne, outra querida amiga daqui e madrinha do meu casamento. Por indicação dela escolhi o curso de step aerobics, pena que é só uma vez por semana. Serão 8 aulas, por trinta euros o pacote, achei total em conta, perto do valor das academias por aqui. Como eu estou tão desacostumada a malhar, pensei que uma vez por semana tava de bom tamanho prá começar e pronto. Susele resolveu me acompanhar e para mim foi o máximo, porque fomos juntas nesse primeiro dia, ela me pegou num ponto de encontro no meio do caminho para ambas.

Chegamos lá. O Centro de Esportes da Uni é beeemmm legal e descobri que a partir de março todos os cursos de esportes estarão disponíveis. É inacreditável a quantidade de esportes legais e diferentes que você pode praticar aqui, aliás, até os mais absurdos, tipo, arco e flecha, dardos e pingue-pongue . Sim! Eles disponibilizam aulas disso tudo e muito mais!!! Só fica parado quem quer E EU NÃO QUERO!



O ambiente é muito legal, como de todas as academias no mundo todo e eu estava precisando disso, ver gente se exercitando. A professora chegou, uma menina com traços de indiana, meio turca, sei lá, bem magrinha, a ca-ra da princesa Yasmin do desenho animado e com um super cabelo comprido também. Toda maquiada. O nome dela é Denise. Na maior educação e formalidade cumprimentou todo mundo e disse que estava terminando os estudos de educação física na faculdade e que daria esse curso intermediário de 8 aulas prá gente. De todo o discurso dela, foi apenas isso o que eu entendi, o resto foi deixar a música rolar e acompanhar os passos. Como já tinha feito step no Brasil a minha vida toda, primeiro com Karla Braga na academia Master e depois na Tio Sam Camboinhas com a Priscila, não fiquei perdida e acompanhei a aula.

A coreografia não foi difícil e ela repetiu várias vezes, o que me deixou mortinha e com as panturrilhas doendo até hoje, dois dias depois. De tudo que a prof. falava durante a aula eu só entendi mesmo a palavra “Superman”que era um passo que a gente fazia no canto do step como se fossemos voar como um super herói. KAKAKKAKA... Achei isso péssimo e pensei de novo que vou ter muito, muito trabalho para falar essa língua...

No Brasil as coreografias são definitivamente mais criativas e para cima, com saídas do step, giros e etc, mas eu achei bem legal mesmo assim e vou falar o motivo - as músicas são sensacionais!  O cd que a prof. colocou era bem legal, músicas super bem mixadas e nada convencionais, como a gente ouve nas academias no Brasil.

No entanto, no meio da aula, quando eu já estava morrendo, para minha TOTAL surpresa começou a tocar funk carioca! SIM!!! Eu o-de-io funk com todas as minhas forças, mas preciso dizer que fiquei muito amarradona em ouvir esse funk e me deu um super gás, particularmente, porque me fez lembrar minha  adolescência em Arraial do Cabo (Mariana Lessa, lembra disso?). Eu tenho a impressão que esse funk toca em algum desses filmes sobre a violência do Rio and stuff, acho que é da trilha de Tropa de Elite (Pará pápapapapapapá – Fé em Deus!!!), sabem qual é? Nossa, eu nunca achei que fosse dizer isso, mas fiquei tão feliz em ouvir esse funk que quase caí do step várias vezes, de tão animada!

Não é sensacional que o nosso funk toque numa cidade pequena da Alemanha no meio de uma aula de step?? O mundo está mesmo globalizado e eu voltei pra casa feliz, porque acho que meu preconceito com o funk diminuiu um pouco.

Foi um bom começo! Meu corpitcho tá todo doído, mesmo com uma simples aula de step. Vocês podem imaginar a minha condição física agora?

Fé em Deusssssssssssss!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Balanço de dois meses na Alemanha

Hoje, exatamente hoje, dia 8 de fevereiro, faço dois meses de vida aqui na Alemanha. Vida nova, tudo novo, voltar para a escola, ser dona de casa, aprender uma nova língua, novos amigos, novas descobertas, neve, frio, muitos dias alegres, outros nem tanto e alguns tristes. Saudades da praia, da minha Itacoatiara e da praia de Camboinhas, onde morei no último ano, do sol quente batendo no rosto, da brisa do mar, do cheiro da terra molhada depois de um temporal de verão e do cheiro de maresia, do feijão cremoso de Elisabete e Neusa... coisas do Brasil, do Rio de Janeiro e de Niterói, que espero, sinceramente,  nunca saiam de mim.

Tirando essa saudade absurda que já me dá de quase tudo (preciso registrar que não tenho a me-nor saudade do calor senegalês, de tomar banho para trabalhar e estar suando 4 minutos depois, dos engarrafamentos de Niterói, das filas e da violência do Rio de Janeiro), estou MUITO FELIZ aqui (viu, mãe?) e, especialmente agradecida por ter a oportunidade de descobrir o velho continente e esse país tão espetacular, que está conquistando o meu coração.  São sensações completamente diferentes, outros cheiros, outro tempero, outra comida, gente diferente demais, educação demais, organização à toda prova, banho de cultura diário, enfim, vou ter que listar... : )

-  É muito legal perceber que os dias estão ficando mais longos de novo, gradativamente. O inverno está indo embora. Sempre me disseram que o legal de morar na Europa é sentir as estações do ano mudarem a paisagem, o seu corpo e o seu estado de espírito e é a pura verdade! Antes, eu acordava para ir para o curso no meio da noite fechada. Agora, enquanto caminho para o ponto, o sol já está nascendo. O visual é tudo de bom e me dá vontade de começar logo o dia, diferente do início do inverno, quando eu só pensava em voltar prá cama e me cobrir. A sensação de recolhimento está acabando, os dias têm ficado mais quentes e com sol.  Sentir a mudança é sensacional!

- O cheiro da terra molhada aqui, depois da chuva (claro que não é a delícia do nosso temporal de verão, com aquela chuva torrencial) é super especial. Se é possível tentar explicar um cheio, vou dizer que é como cheiro de floresta fechada, fresco e frio. Vontade de colocar num vidro e abrir em casa para purificar o ar.

- Doner kebap, curry wurst e Bretzel têm sido os responsáveis pelo meu aumento de peso. Chocolate Milka sabor iogurte de morango também. Sem falar das cervejas... ai G-sus! Fitness Center já! 

- não existe cobrador no ônibus e todo mundo compra passagem mesmo assim. Raramente o fiscal entra para fiscalizar, mas ninguém dá calote. Tá todo mundo sempre com a passagem ou o passe de ônibus de estudante, como eu. Mentalidade perfeita!

- O curso vai indo bem e cheguei hoje na lição dos alimentos. Já sei ver as horas, me apresentar, dizer coisas simples, comprar coisas simples, marcar um compromisso e já fiz até prova surpresa. A turma se dividiu em grupos. Os japoneses ficam juntos, são ótimos, super inteligentes, totalmente modernos, mas não conseguem quase falar as palavras com “R”, que trocam, por “L” e isso aqui na Alemanha é uma heresia, já que você precisa desse “R” gutural para quase tudo. A koreana desistiu, provavelmente porque não conseguia acompanhar a turma. Os russos/ucranianos ficam juntos e, óbvio, só falam russo. A turca e a menina da Macedônia ficam juntas, mas não se entendem. Tem também o grupo das teenagers e o meu grupo: Eu, Karen (americana de San Diego – gente boa até não poder mais e professora de Ioga), Kurt (Cobain, para os íntimos : ) – nascido na Tanzânia, engenheiro, gente boa demais e mora com a noiva alemã. E, finalmente, ele, o mais figura de todos, Antonio, italiano de Votera – a cidade da saga Crepúsculo e dono de restaurante na Toscana. Mais engraçado impossível. Conheço a menos de um mês e ele já me contou da vida dele toda (os latinos são assim mesmo, né? Adoro isso na gente!) especialmente das brigas com a namorada alemã durante a madrugada.. kakakaka mas o melhor de tudo é ouvir o seu alemão ou inglês cantado com sotaque de italiano.  Pena que ele só fica esse mês, porque é responsável por muitas gargalhadas da turma toda.  
Tá bem legal o curso!

- A organização aqui é tanta que em alguns momentos chega a ser chata, pela falta de flexibilidade em abrir exceções em situações perfeitamente possíveis. Por exemplo, semana passada estava num bar mexicano, como contei no outro post e o lugar que ficamos era para fumantes, mas só depois das nove horas. Às cinco prás nove todas as mesas já estavam se coçando para fumar e o Mirko, (já devidamente tropicalizado, diga-se) chamou o garçon para ele nos trazer o cinzeiro. O moço disse que não dava, porque ainda faltavam 5 minutos...  #peloamordeDEUS#. Todo mundo riu (não pela resposta dele, porque foi a resposta de um cara que cumpre as regras, normal aqui, mas para quebrar o gelo mesmo). O riso deu resultado e ele disse que quando faltassem 3 minutos ia “quebrar o galho” e trazer o cinzeiro, mas ratificou que cumpria ordens. Três para nove aparece o garçon com o cinzeiro e com uma cara de criminoso, que me deu até pena. Ou seja, ele liberou, mas estava se sentindo muito mal e assim não é legal...

- Tenho uma amiga no ponto de ônibus. Uma fofa! Uma senhora alemã de meia idade que puxou assunto comigo no dia seguinte em que encontrei com os brasileiros no ponto, ou seja, no meu segundo dia de aula. Ela se chegou, perguntou se eu era brasileira, que língua falava e porque estava aqui em Tübingen. Antes que eu conseguisse explicar que ainda não posso me comunicar direito ela desandou a falar alemão comigo (claro...). Depois que ela percebeu que eu falava pouco e entedia quase nada, disse que não tinha problema nenhum (olha só que gente boa, eu sou muito sortuda!)  e que falaria só alemão comigo, prá eu já ir soltando a língua. Também falou para eu brigar com o Mirko, porque ele não fala alemão comigo em casa. Disse, ainda, que todo dia de manhã ia me perguntar o que aprendi na aula passada. E ela cumpre a promessa! Todo dia, às 7:50 h, eu tenho uma sabatina no ponto de ônibus. Minha aula começa antes do que a de todo mundo no curso!

- Descobri muitas estações de radio aqui que tocam músicas dos anos 80 e clássicos do rock/pop rock o tempo todo. Eles amam o Chris Rea e tocam suas músicas toda hora. Eu adoro, porque me lembro da minha irmã prá caramba. Todas essas rádios tem o perfil da nossa falecida Antena 1 do Rio de Janeiro. Como eu sou viúva declarada da Antena 1, fiquei amarradona com a descoberta. Hoje de tarde na SWR1 teve especial do Fleetwood Mac, não é o máximo?

-  As palavras em alemão que mais gosto de falar são: kartoffel (significa batata e sempre foi uma favorita, desde os meus tempos de ICG) e ein bisschen (um pouquinho),  com a variação do dialeto swabo da região – ein bisschle (que significa um pouquinho, inho mesmo!).  

- Adoro ver a educação das pessoas nas ruas, em todos os sentidos. Tudo bem, tudo bem, a cidade é pequena e isso fica mais evidente, mas mesmo assim!

- os afazeres domésticos são muito chatos, mas estou me surpreendendo positivamente com a minha capacidade em executá-los. Tudo vai bem, mas ainda é impossível para mim passar camisas sociais. Aliás, o que é passar roupa? (bügeleisen em alemão – essa eu sei!) De todos os afazeres domésticos é o pior. Demoro 40 minutos para passar uma camisa do Mirko... amanhã é dia, manhêê!

- De uma maneira geral acho que a minha adaptação está indo melhor do que eu mesma imaginava. Me sinto em casa aqui. Acho que é porque eu vim prá cá de peito aberto e querendo me misturar com a vida daqui. Penso que isso é fundamental quando se vai morar fora do seu país. Também é aconselhável não comparar tudo com o Brasil e entrar numas de pensar o que as pessoas estão fazendo agora na sua cidade natal, no seu ex trabalho, etc... nos dias em que fiz isso sem sentir, me bateu uma melancolia, que tratei de afastar imediatamente, para não virar uma bola de neve.  Me disseram que ainda vou ter que passar pela tal crise dos 5 meses morando fora, mas não tenho medo não, que venham os cinco meses e sem a crise, por favor!

- Escrever esse blog me ajuda muito a me sentir mais perto do Brasil, da família e de vocês, meus amigos queridos, que estão me incentivando a continuar. Isso aqui prá mim virou uma cachaça e estou feliz em ver que já tenho quase mil acessos em pouco mais de um mês. Já recebi e-mail de pessoas que estão vindo morar aqui e acompanham o blog. Muito legal!

Muito obrigada a todos vocês que me acompanham aqui! 

Beijos a todos e vamos em frente! Estou apenas começando!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Trem, Luzes e Margaritas em Hechingen

Então pessoal, meu cabelo estava com três dedos de raiz escura, cheio de fios brancos, além de estar muito comprido. Eu acho muito cafona quando a pessoa é bem baixinha, como eu, e usa cabelo muuuuuuiiiitttttooooo comprido. É a visão do inferno e eu estava me sentido o primo Itt da Família Adams.



Ou seja, a situação estava periclitante e eu precisava de ajuda já!

Como ainda não me comunico em alemão a ponto de explicar como queria fazer luzes no cabelo, pedi para a Irina, minha amiga de Moldova, casada com um dos melhores amigos do Mirko – Sven, me ajudar. Ela fala alemão fluente e foi uma fofa, como sempre. Conversou tudo no cabeleireiro dela, explicou o que eu queria e marcou um horário para sexta passada às 15:30h. Só um detalhe, era mora em Hechingen, a cidade em que o Mirko nasceu e que fica há 30 minutos daqui. O descolamento exigiria uma viagem de trem e eu nunca fiz isso sozinha, mas tudo bem. Eu sei falar.

Com medo de me perder (eu sempre tenho esse medo, porque me perdi na praia de Icaraí com 5 anos e fiquei traumatizada para sempre) eu pedi para as minhas amigas teenagers do curso para acompanhá-las até a estação, porque elas pegam o trem todo dia para voltar prá casa. Tudo bem que a aula acaba meio dia e o meu trem era o das 15:03 h, mas, mais uma vez, com medo de me perder eu preferi ir com elas e ficar mofando duas horas na estação.

Quando cheguei na estação de trem com as meninas, Stephanie e Rhianna (a quem eu chamo gentilmente, só para mim, de umbrella), comprei o meu bilhete num guichê eletrônico, olhei em volta e percebi a minha total burrice. A estação não tinha aquecimento, só nas lojinhas em volta e eu teria que ficar duas horas congelando a espera do meu trem. E foi isso que aconteceu. Depois de comer meu menu infantil no Burger King (eu merecia), de fazer todo o meu dever de casa, tentar ler a revista de cinema da lanchonete usando o dicionário e ouvir duas vezes a mesma sequencia de músicas no meu Ipod, achei que o pessoal já tava me olhando de cara feia, porque eles não tinham muitas mesas e estava na hora de pico do almoço, além do que a estação fica cheia com o movimento dos estudantes que voltam prá casa no final de semana. Peguei minha mochila e saí. Fiquei perambulando mais uma hora e meia pela estação, com mui-to frio nos pés e nas mãos, mesmo com luvas. Pensando polianamente, eu decidi que ficar observando as pessoas entrando e saindo poderia ser um bom passatempo. Depois de uma hora e meia, já tinha dado, queria sair dali, tava morrendo de frio! Felizmente já eram quase três horas e eu fui para a plataforma.

Peguei o trem na boa e em 15 minutos estava em Hechingen. A Irina estava me esperando lá! Ufa! Fomos para o salão. Tudo moderno, duas cabelereiras super novinhas e com cabelos estilosíssimos, além de uma maquiagem ma-ra! Isso é uma coisa que me impressiona muito aqui na Alemanha. As cidades pequeninas, com 15, 16 mil habitantes como é o caso de Hechingen, oferecem serviços de qualidade, com ótimas profissionais e excelentes produtos (isso é sem comentários) em quase todos os campos. Fiquei imaginando se teria coragem de fazer o mesmo em Arraial do Cabo, por exemplo... : ).

A cabeleireira me perguntou se eu queria exatamente como estava antes, ou se eu preferia fazer uma cor a mais, ou seja, deixar mais claro. A Irina ia traduzindo tudo. Num lampejo de loucura e achando que na Alemanha todos têm os cabelos mais claros, falei para a menina que eu queria mais louro, um tom a mais.... é, minha gente, eu disse isso....

Ela começou a fazer as luzes perfeitamente, como aqui no Brasil, com laminado, dividindo os fios fininhos, exatamente como a minha querida Eliete fazia e isso me deixou muito aliviada, porque estava achando que ela poderia pegar aquelas toucas que algumas pessoas usam para puxar os fios e isso ia acabar com todo o glamour até então. Ia pensar duas vezes em sair da cadeira, se acontecesse.

Estava tudo indo muito bem até eu perceber que já tinham passado duas horas e ela ainda nem tinha chegado na metade do meu cabelo. A Irina já tinha cortado o dela há séculos e eu estava sem graça dela estar ali me esperando esse tempo todo. Mais uma hora e ela terminou tudo e foi lavar o meu cabelo com um shampoo roxo, tipo um tonalizante, que, confesso, me deixou desesperada. Eu só via a mão dela com aquela cor roxa viva passando por cima da minha testa... pedi para a Irina perguntar o que era e ela disse que era exatamente um tonalizante para não deixar o meu cabelo muito amarelo e ufa, de novo, igual ao Brasil!

Depois de quatro horas, isso mesmo, 4 horas e minha bunda dormente, ela terminou tudo cortou dois dedos e meio do meu cabelo, apesar de eu ter pedido mais e secou. Ficou mara, gente! Mas muito louro. Acho que vou me acostumar, porque ficou muito bem feito, mas eu tô beeemmmm loura! Não posso reclamar (e nem quero!), porque a culpa foi única e exclusivamente minha.

Vou ficar devendo a foto, porque estou com problemas para carregar a bateria da minha máquina, com as tomadas daqui (por isso, meus últimos posts foram sem fotos também...), mas vou tentar explicar... eu antes estava mais Jennifer Aniston e agora estou mais Scarlet Johansson. HAHAHAAH!



O preço foi até mais barato do que eu pagava no Brasil e ela só usou produtos de primeira em mim! Mais um ponto para a Alemanha.

Depois dessa odisséia, fomos para um barzinho Mexicano, (mais uma vez inacreditável, uma cidadezinha daquelas tem um barzinho mexicano tão legal – La Paz), tomamos frozen margaritas e comemos tacos até nossos maridos chegarem para nos buscar.

Já ia terminar o post, mas preciso contar que depois das 21 horas, percebemos que o bar ficou temático, era Festa do Flerte!!!!  Todos nós ganhamos luzes coloridas para flertar. Se estivesse ligada era porque os meninos poderiam se aproximar. KAKAKAKAKAKAKKA! Lembra que tinha isso no Brasil?? Festa do Sinal???



terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

BLACK SWAN - O filme do momento





Seguindo a linha cultural dos últimos posts (tô me sentindo...kakkaka) aí vai uma dica para os amantes do cinema e do ballet: "BLACK SWAN" (Vivian, fiz o post para você ver o trailer!).

Eu ainda não vi o filme, simplesmente porque aqui na Alemanha quase não existe filme com legenda, são todos dublados em alemão e é muito sofrimento não entender praticamente nada... (e cá entre nós, o Mirko não ia querer ir ao cinema ver um filme sobre ballet e ter que me traduzir o tempo inteiro. Nem tentei pedir.).

Fato é que quando vi o trailer na televisão fiquei desesperada para assistir! Para mim, o jeito vai ser esperar sair em DVD, mas deve demorar, porque acabou de entrar em cartaz.

Se ainda não estreou no Brasil, anotem para ver.

Fiquei arrepiada com a postura de bailarina da Natalie Portman no trailer. Pelas notícias que li (tentei ler, melhor : )) aqui sobre o filme, parece que ela perdeu muitos quilos e se submeteu a rotinas estafantes de aulas completas de ballet, durante meses a fio. Tudo bem que ela já tem um físico privilegiado, isso é verdade, mas cheguei até a pensar em alguns momentos que ela quase não deve ter usado dublês para as  cenas de dança, aulas, palco, pontas, etc. A postura dela tá muito legal! Além disso, o filme está criando polêmica aqui, porque há cenas de sexo entre ela e a outra atriz, Mila Kunis.

Queria mesmo ver o filme todo para ter opinião sobre se valeu a indicação dela para o Oscar de melhor atriz desse ano. Ela já levou o prêmio de melhor atriz no SAG (Screen Actors Guild Awards) no final de semana passado. Apareceu gravidíssima e linda para receber o prêmio.

Quem assistir primeiro me conta!

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