segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Os corvos

Sempre associei esses pássaros pretos ao sinistro, tipo filmes de terror, com cemitérios e zumbis, ou da Idade Média, com aquelas paisagens frias dos campos de batalha da Europa. Até nos desenhos animados os corvos parecem traiçoeiros e zombadores. São sempre aqueles que destroem as plantações de milho e que abusam da criatividade dos fazendeiros na confecção dos espantalhos. Por essas e outras, vamos combinar que não é um bichinho que nos lembra coisas alegres, prá cima, certo?

Pois então, desde que vim para cá, esses pássaros  habitam o meu espaço e campo de visão. Eles estão em todo o lugar, tal como os nossos pombos no Brasil (que também nunca fui muito chegada. Na verdade, tenho pavor!). Tento pensar que aqui os corvos não estão associados a nada muito sinistro, apenas fazem parte da paisagem e que, no fundo, ainda são melhores do que os pombos (olha a Poliaaaaaanaaaaa aí genteeeeeee! Chora cavaco!) 

As diferenças básicas entre pombos e corvos, que fazem esses últimos levaram vantagem, na minha humilde opinião de Poliana, são as seguintes: (i) os corvos são definitivamente mais bonitos, por serem maiores (aqui eles são enormes!) e terem um porte elegante, (ii) os corvos parecem mais limpos e (iii) os corvos berram prá caramba! Berram muito! É como se fosse um grito esganiçado, de alguém pedindo socorro, uma coisa horrível e fantasmagórica, mas apesar de sinistro, me despertou curiosidade, além de eu achar que mesmo mais alto e louco, ainda é bem melhor do que aquele barulho insuportável que os pombos faziam no forro/telhado da minha casa em Camboinhas.

Então todo dia de manhã quando faço meu caminho solitário até o ponto de ônibus, quase sempre sob uma névoa geladíssima e densa (e hoje debaixo de neve de novo!), que muitas vezes sequer me deixa ver o outro lado da rua, eles estão ali comigo, berrando e me guiando no caminho. Agora imaginem só essa cena, que parece de filme de suspense. Eu, com o dia começando a clarear, andando numa névoa pesada, com um frio do cão, numa paisagem de árvores secas e com gritos de corvos à minha volta...

A vida é mesmo surpreendente e eu nunca imaginei que um dia fosse viver numa paisagem assim, com esses pássaros, discípulos da Tetê Espíndola, berrando ao meu redor.  

A minha sorte é que eu tento manter o humor na maioria das vezes e fico me imaginando no clip de “Thriller” do Michael Jackson, caso contrário, ia chegar chorando e correndo de medo no ponto de ônibus todo o dia.

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