Estava devendo esse post e depois dos últimos acontecimentos na região serrana do Rio de Janeiro, achei que era a hora de agilizar e escrever algo sobre o lixo daqui, apenas para mostrar como é possível conscientizar o povo e as autoridades sobre uma nova maneira de pensar a reciclagem do lixo no Brasil...
Bem, o lixo aqui é coisa muito séria. É assunto tratado com um respeito absurdo. Eles partem do princípio de que se você é cidadão, tem que se responsabilizar pelo lixo que produz, com a mesma consciência com que se alimenta. Ouvimos isso na Prefeitura da cidade e achei totalmente lógico. Se você consome, tem que se responsabilizar pelo descarte adequado do seu consumo, sem prejudicar a natureza e os outros.
Então, prá começar, você precisa cadastrar as suas lixeiras, pelo seu endereço e nome, na Sub Prefeitura do seu bairro. Depois do cadastro você coloca o seu nome nas suas lixeiras. É a maneira que eles têm de fiscalizar o seu lixo e, ainda, dos seus vizinhos também ficarem de olho na sua reciclagem. Os fiscais periodicamente dão uma vistoriada no seu lixo. Se não estiver ok, você leva multa em dinheiro, e pior, eles simplesmente não recolhem o seu lixo. Você tem que colocar prá dentro da casa de novo e esperar a próxima semana, ou duas, dependendo do tipo de lixo e da época do ano.
São cinco os tipos de lixo a ser reciclado:
(i) na lixeira verde, o lixo orgânico (comida de todo o gênero); (ii) nos sacos plásticos amarelos, que são comprados no mercado (é muito baratinho) vão os plásticos, isopores e embalagens de todo o tipo, com exceção das de papel, lembrando que tudo deve ser lavado antes, porque se tiver resto de comida eles não recolhem; (iii) os vidros devem ser divididos entre: verdes, transparentes e marrons. Em cada bairro tem um container especial dividido em três partes, para jogarmos os vidros de acordo com a cor. O lance aqui é juntar em casa e levar de carro de 15 em 15 dias para jogar no container. É como todo mundo faz; (iv) os papéis, são colocados em sacos plásticos comuns transparentes e quando são grandes blocos de papelão (tipo caixas e embalagens de móveis para montar), devem ser colocados à parte no chão mesmo, mas organizado, porque se ficar tudo jogado na rua eles também não recolhem e, finalmente o último tipo de lixo (v) que vai nas lixeiras pretas e eles chamam de Restmull, é tudo aquilo que não foi classificado acima, como guimba de cigarro, algodão, cotonete, tampinha de refrigerante, etc.. eles te dão uma lista.
No inverno o caminhão do lixo orgânico e do Restmull passa de 15 em 15 dias e no verão toda semana. O plástico é recolhido uma vez por mês e o papel também. Os vidros são por sua conta, porque o container da Prefeitura fica lá fixo.
Agora você imagina o estresse que é para não errar e ter o seu lixo recolhido normalmente? É, porque, como eu disse, se você fizer errado eles simplesmente não recolhem e ninguém quer ficar com lixo acumulando em casa. Além disso, os vizinhos meio que te olham de cara feia, se o caminhão passar e o seu lixo ficar. Sei disso porque na minha primeira semana aqui aconteceu com a gente, porque não tínhamos a menor ideia de como fazer. Mas uma vizinha gente boa percebeu que estávamos perdidos e nos ensinou o básico.
A reciclagem muda de cidade para cidade e, sem dúvida, Tübingen é a mais "cri cri" com essa divisão do lixo. Todos os alemães concordam que eles exageram aqui. Em Stuttgart, por exemplo, que fica a 25 minutos daqui, eles não dividem os vidros em cores e o papel e plásticos vão juntos.
Mas o que deve ficar claro é que toda e qualquer cidade dessa nação tem a sua coleta de lixo reciclada, algumas com mais critério, outras com menos, mas o fato é que aqui a ordem é reciclar.
No início eu resmungava muito com todo esse procedimento diário, mas acabava fazendo na boa pelo bem do planeta. Agora, “com treino”, já vai totalmente no automático. É mesmo uma questão de costume e educação, nada que um mês não te ensine. Vivi isso e posso dizer.
Tenho certeza absoluta que se no Brasil o lixo fosse reciclado de verdade muitos dos estragos dessas inundações teriam sido minimizados e, mais importante, teríamos salvado vidas.
Vamos pensar nisso.
3 comentários:
Lila, deve ser chato à beça fazer essa reciclagem toda, mas não tem jeito... Achei sensacional a maneira como as pessoas e o governo por aí são conscientes de que é preciso reaproveitar o lixo. Uma pena que isso nunca vai acontecr no Brasil...
Adorei o post!
Lilian e Josye,
não acho nem um pouco chato. Faço isto aqui. separo td e levo para itacoatiara. Se td mundo fizer a sua parte o mundo ficará melhor.
Qdo se mora em pais de 1 mundo a gente ve q para as coisas funcionarem tem que ter responsabilidade e será duramente penalizado pelo o seu ato faltoso. Sou super a favor, e por isso que não tive uma readaptação fácil.
Brasil tem muito o que aprender e o povo para se coinscentizar.
Li, adoro os seus posts.
Bjs
Lila, como vc mesma disse, é questão de costume. Essa preocupação com o "coletivo" é muito bacana! Ahhhh se no Brasil tivéssemos um pouquinho dessa educação do primeiro mundo! Certamente estaríamos muito mais evoluídos!
Adorei o post!
Beijos com saudades!
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